De repente, ao começar o trabalho musical, noto de uma maneira nunca antes sentida que preciso manipular cada som produzido de maneira de fato “corticalizada” ou, caso contrário, nada acontece de belo. Nada é transmitido. Há de se envolver com as frases, passar por cima da música e deixar com que ela passe por cima de mim, girar, rodopiar, gritar, seguir a dança da própria frase musical, receptivo e ativo ao mesmo tempo. Equilibrio entre ação e inação. Mexer nos gestos, reinventar outros que não ousava me permitir antes. Mergulho na minha intuição de maneira nova. Cada frase tem seus centros energéticos, seus chakras sonoros. É preciso acordá-los. Se apropriar do teclado, da idéia, assumir, não ter medo de experimentar. Encostar no instrumento de leve, quase como alguém que resvala a pele de uma pessoa, fazê-lo cantar, vibrar. Tudo que vibra e palpita está vivo, está presente e assim se faz ouvido. Caso contrário estaria eu aqui com meu bla-bla-blá de notas e o público lá com seu barulho mental que não permite entrada de nada.
Meu querido Saananda, que já veio ao mundo com nome de anjo. Saananda deve ter boa intimidade com o grão-tinhoso, o outro anjo dos abismos insondáveis. Instigador sagáz, força

Quanta gratidão sinto por esse professor e por todos vocês parceiros dessa viagem assustadoramente boa. Que felicidade é estar cercado de coragem e amor. Sede de vida autêntica e troca humana que seja de fato humana. Muito obrigado a todos pelo privilégio de encontrar um caminho para o meu crescimento nesse mundo de mistério. Até o nosso próximo encontro mágico.
Beijos,
Do amigo Felipe" (pianista, poeta, querido, integrante do Laboratório Intermediário de Formatividade Tântrica).
foto: Ballerina Project