quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O menino redescoberto


Mês passado tivemos o trabalho da Terapia Primal na Companhia do Ser. Como todo grupo, cada trabalho é diferente do outro, as pessoas são diferentes, nos emocionam de maneira diferente, mas sempre nos tocando de forma muito bonita e especial.
Publico aqui o depoimento de um dos participantes, o Roberto, logo após ter passado pela experiência do trabalho.
Obrigado, Roberto!
um beijo,
Sá.

"Cheguei ontem à noite em casa, feliz e completamente energizado. Poderia enfrentar mais alguns dias de dinâmicas, não fosse a incomensurável vontade de estar com minha mulher e meus filhos e compartilhar com eles a minha alegria.

O silêncio e a aparente escuridão da sala logo foram quebrados por um pequeno barulho do bater de teclas no computador, vindo do escritório. Coloquei minha mala de viagem no chão e me encaminhei radiante para lá, sabendo o que encontraria.

Entrei no escritório e ela virou o seu rosto para mim.

- "Como foi?", perguntou.

Ela estava linda. Ela é linda, de uma beleza que até dói. Só então me dei conta do calor que começou a invadir meu peito. Um calor de fogo brando, gostoso, morno. E pude enxergar o que não via há muito, ou sequer tinha visto nos nossos 30 anos de convivência: o amor que irradiava de seus olhos. Dei e recebi um longo e silencioso abraço, profundo, amoroso.

- "Foi muito bom", respondi. "Tão bom que consigo sentir, de verdade, todo o amor neste seu olhar. Não me deixe nunca mais entrar nos joguinhos do tipo – você não gosta de mim, não consigo sentir seu afeto – não estarei sendo honesto nem com você nem comigo. Posso sentir todo o seu amor sem disfarces ou estratagemas e é bom. Ajude-me a escapar dos jogos fale comigo o que você está sentindo, sem mágoas, e vamos permitir que só o amor, respeito e verdade fluam entre nós."

Seus olhos ficaram marejados, ela me abraçou novamente e choramos quietinhos, abraçados. Depois, fui tirando sua roupa e me permiti sentir suas carícias, enquanto massageava-a. Conversamos muito, nos amamos gostoso, e sequer percebemos que as horas avançavam e que os filhos que ainda moram conosco ainda não haviam voltado do feriado.

Chorei de felicidade no chuveiro esta manhã, apenas porque deu vontade, sem nenhuma razão ou pensamento. Só sentimento. Quando saí, percebi a chuvarada, mas preferi ir trabalhar de ônibus e metrô, evitando que o estresse do trânsito pudesse me atingir. Atravessando a rua, percebi que estava fazendo um esforço enorme para desviar-me das enormes poças d'água, um movimento inútil, já que a chuva era forte e molhava até minha mochila presa às costas que o guarda chuva não conseguia proteger. Desencanei e saí chutando as poças, dando risada e me divertindo como na infância. Lavei a alma e entrei no ônibus gargalhando."

Nenhum comentário: