sexta-feira, 13 de maio de 2011

a subjetividade feita de carne

"As emoções nas quais ficamos bloqueados retornam como sintomas no corpo. No entanto, tal retorno não acontece de maneira casual, mas a geografia corporal impõe condições de expressão aos afetos. Cada emoção diz o que tem que dizer em segmentos corporais preferenciais que se encontram associados à ela. A este fato a Psicossomática o denomina chave de enervação somática, conceito que tenta explicar a relação de analogia que há entre os registros corporais e os psíquicos. O corolário destas considerações é que se pode pensar o corpo como um território emocional, em que as emoções são corpo e que o corpo é emoção.

Mas, ao mesmo tempo, o corpo é história. Dito de um modo mais específico: no corpo se escreve a história de nossa vida, uma história de encontros e desencontros, de prazeres e dores, de perdas e uniões, de projetos e realizações.
A história de cada um tem uma trama que gira em torno de um argumento que a alma escolheu, uma rede consequente com que temos que aprender e por onde temos que caminhar. Em resumo, as relações são sua essência. Há uma lei a respeito: as relações terminam, mas os vínculos permanecem, e o fazem gravados no corpo. Assim, esse corpo histórico faz presente o que a memória se esquece, em seu espaço, pode-se ler a subjetividade feita de carne.

Finalmente, o corpo é linguagem. O corpo fala e, às vezes, grita. Dizemos a maioria das coisas com o corpo. O corpo se inteira antes que a consciência das atrações e rejeições, dos conflitos e dos acordos, dos amores e desamores. E o que o corpo sabe, ele vai dizendo em seus movimentos, em suas formas, e em seus tons e cores, em seu padecer."

O corpo como território, história e linguagem em "O enigma da vagina" - Eduardo H Grecco (argentino, psicólogo e poeta)

Nenhum comentário: