quarta-feira, 26 de março de 2008

Depois do Tantra, nunca mais

“Tantra, nunca mais.

Por que ficamos dependentes de sermos aceitos?

Será que projetamos demais no outro nosso lugar no mundo?

Curioso perceber que, como estamos tão habituados com isso, vivemos nos deformando para podermos fazer parte. Fazer parte do quê, afinal?

Ler o texto do Osho sobre solitude, me fez refletir sobre essas idéias.

“Nascemos sós, vivemos sós e morremos sós. A solitude é nossa verdadeira natureza, mas não estamos cientes dela.”

Isso contrasta muito, porém não contradiz, a experiência que vivi no grupo avançado do Ground Zero. Deixem-me descrever:
No começo fiquei preocupado. Ja tinha tido uma pequena experiência com o próprio Saananda dessa meditação. Já estava com um arsenal de respostas prontas, mas nenhuma delas me convencia sobre QUEM EU REALMENTE SOU?

Me agarrei de alguma forma a elas, no entanto, numa tentativa de me convencer de que não era possível eu não conseguir responder: Quem é você? … Quem é você? …

“… permanecemos estranhos a nós mesmos e, em vez de vermos nossa solitude como uma imensa beleza e bem-aventurança, silêncio e paz, um estar à vontade com a existência, a interpretamos erroneamente como solidão.”

Chegou o momento! Nenhuma das respostas tinha funcionado! Que vazio. Que sensação de uma imensa pequeninice. Que medo. Medo. MEDO!

Medo de quê? Medo de cair no vazio. Como se estivesse andando sobre um abismo com uma camadinha de vidro extremamente fina debaixo dos pés. “Se me mexer eu escorrego. Se escoregar eu caio. Se cair o vidro espatifa!”

Então…

Susto!

Caí!!!?

Não. Não caí.

O que foi isso? Susto.

“No que você está se agarrando para responder essa pergunta?” Me é perguntado.
Não sei. Em mim mesmo. Na minha necessidade de ser algo. Na minha paura de não conseguir com meu cérebro brilhante responder essa PORRA DE PERGUNTA!

“As pessoas têm tanto medo de ficarem consigo mesmas que fazem qualquer tipo de estupidez.”

“Como seria não ter que responder, não ter que ser algo e simplesmente se entregar pro que é mais verdadeiro, que é o simples fato de que a gente é?” Que forte que foi essa pergunta! Deixa eu parar pra pens…

Uau!

Aconteceu algo! Não sei oque é mais foi muito. Alguma coisa imensa parece que ocupou meu lugar.

“O que te separa disso que foi muito?”

Deixa eu parar…

Paro. Sinto. Percebo.

“Aqueles que conheceram a solitude dizem algo completamente diferente. Eles dizem que não existe nada mais belo, mais sereno, mais agradável do que estar só.”
E tudo vibra. Luzes! SONS! Como os sons são poderosos! Um grave… Uma mistura de batida de coração com um ronronar infrasônico de um gato… e…

e…



“… deixou o mundo, foi para as cavernas, para as montanhas, para a floresta, apenas para ficar só. Ele deseja saber quem ele é. Na multidão é difícil; existem tantas perturbações… “

O que é contrastante na verdade é o próprio ser. Estive só naquele lugar. Só, porém em tudo. Como se tudo fosse eu e eu fosse somente aquilo. Uma solitude. Uma serenidade. Estive so mas sem estar sozinho.

Esse sou eu.

São tantas as vozes na minha cabeça que não funcionam mais. As vozes vem e vão e vem e vão, como rios serpenteando por um vale.

Ansiedade? Que linda! Falta de tranqüilidade? Nunca mais.

Medo? Que delícia! Falta de coragem? Nunca mais.

Vergonha? Que engraçado! Humilhação? Nunca mais.

Preguiça? Que alívio! Indolência? Desânimo? Nunca mais.

Dor? Sofrimento? Agonia? Que profundo! Desespero? Nunca mais.

Depois do tantra, nunca mais…”

Gyan Parmesh (membro da equipe de Tantra e faz parte do time de terapeutas da Companhia do Ser). Não precisa dizer mais nada.

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