sexta-feira, 24 de julho de 2009

Nossa reforma: A casa nova e a casca velha

"Todo mundo conhece o típico "dramalhão mexicano". Não tem muito segredo, quem assiste sabe o que esperar: sempre a mesma história, muito sofrimento, muita intensidade e sempre o mesmo final.

Mergulhei (de cabeça) naquele meu buraco de dor tão conhecido meu. Fiquei lá me lastimando, sofrendo, sofrendo, e justificando a minha dor. E aí percebi que adoro meu dramalhão mexicano. A minha miséria aciona todos os meus circuitos, e é muito mais intensa e visceral que simplesmente estar bem. Me sinto ligada, como sob efeito de uma droga.

Tanto que hoje estou de ressaca, com todos os sintomas: tontura, dor de cabeça, náuseas...

Descobri que não sou viciada em chocolate. Sou viciada em sofrimento!Neste último ano cresci muito. Fui aprendendo outras possibilidades, experimentando ser diferente. Me senti amada, acolhida, respeitada...E não aguentei! Nunca as palavras membrana e sustentar tiveram tanto sentido pra mim.

A verdade é que eu não me banquei estando bem. Estar bem é só estar bem. Simples e agradável, como um lago sereno.

Já sofrer é grande, como uma tempestade, revira tudo.

Percebi que estes meus sentimentos tão verdadeiros de dor são só padrões aprendidos. E que se estou sofrendo hoje algo que aconteceu na minha infância, estou congelada no tempo, repetindo não só um pensamento ou comportamento, mas também um sentimento. E que se nada acontecer pra justificar o que eu sinto, vou inventar alguma coisa.

Percebo agora que fiz este monte de terapia não para sair do fundo do poço, mas pra ficar mais confortável nele! E que o meu medo da loucura não é na verdade medo de enlouquecer. Porque já estou na loucura querendo sustentar estes padrões. Estou é com medo de sair da minha loucura; abandonar uma estrutura que eu construí, alimentei e cuidei de manter por tantos anos. Como uma casca velha, ultrapassada, que não me serve mais, mas que me abrigou por tanto tempo. Quase sinto saudades de ser infeliz.

Que ótimo momento pra limpar teias de aranha, sacudir a poeira e preparar a casa nova para receber, acolher (adoro essa palavra) e abrigar.

A minha casa e a casa de todos nós.

Vou estar com vocês no sábado lá pela hora do almoço. Vou levar umas comidinhas.

Sa, obrigado por tornar o meu fundo do poço um lugar cada vez mais incômodo de se estar.

Com amor e muita estranheza

Din em re-forma"

Jivan Dinmani (integrante do Laboratório de Formatividade Tântrica da Companhia do Ser )

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