sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sobre o excesso de bagagem...


"Querida Carlinha,

Sua mensagem foi muito importante pra mim e me tocou bem fundo.

Me percebo hoje de volta aos meus 6, 7 anos de idade quando este meu padrão começou a ganhar forma. Forma corporal eu digo, porque acho que ele começou a se formar muito antes, antes até de eu ter nascido, provavelmente com meus avós ou bisavós.

Apesar de eu estar "regredida" na idade, me sinto despida de todas as armaduras, couraças, máscaras, porque tudo isso veio depois. Primeiro veio esta dor, essa tristeza, depois veio uma cisão e um isolamento na adolescência porque eu não "aguentava" mais sentir o que eu sentia, e só depois é que eu criei as armaduras de forte, que resolve tudo e a máscara de sedução.

Me sinto frágil e muito vulnerável, mas ao mesmo tempo aliviada, como se tivesse tirado um peso dos meus ombros (qualquer analogia não é mera coincidência). Me sinto lidando com o meu problema original, ou pelo menos o mais intenso, sem ter que lidar também com este monte de coberturas e disfarces que depois eu coloquei por cima. Mas apesar da fragilidade, eu agora aguento sentir a dor, eu consigo aguentar me sentir assim tão pequena, tão menos. E sinto que é deste lugar que preciso começar a me reorganizar, é deste ponto que consigo encontrar um espaço meu, um caminho...

Mas só estou tendo coragem de olhar pra isso mais de perto porque sinto que tenho o apoio e o afeto de vocês, que eu não preciso ser nada, não tenho que provar nada, não tenho que lutar contra a maré. E embora agora me sinta carregada pela ondas, meio ao sabor dos ventos, sei que uma hora vou encontrar terra firme, porque com certeza esta é a minha praia.

Queria dizer também que conheço algumas pessoas do grupo melhor, porque as reconheço em mim, no meu peito, na minha barriga, na minha falta de membranas e nas membranas fininhas que eu começo a criar.

Então gostaria de dar um beijo de reconhecimento nas dificuldades da Aninha, da Frances e da Paulinha. E de mandar um beijo de carinho pra todos os outros seres lindos desse nosso grupo sejam eles passarinhos arrepiados, tatu-bolinhas, rios que secam, árvores frondosas, samba de raiz ou tango argentino. E pra aqueles que ainda vão vir, porque sempre cabe mais um.

Mando pra vocês uma música que tem tudo a ver comigo neste momento:

Volver a los 17. Só que no meu caso é volver a los 7.

Se a gente adoece com as porradas da vida, também pode se curar com os carinhos das mãos.

Din"

Jivan Dinmani (do Laboratório de Formatividade Tântrica da Companhia do Ser )

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